Para eu me lembrar:

"Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer."

Amyr Klink

Linfoma de Hodgkin

"Linfoma é um câncer do sangue, potencialmente curável, que ocorre nos linfócitos, células do sistema linfático, que fazem parte da defesa natural do corpo contra infecções."

Pensamentos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

LINFOMA DE HODGKIN

Quando falamos esse nome, as pessoas tendem a nos olhar com cara de interrogação!!!

Como diz uma campanha... Linfoma, um câncer desconhecido.

Cada vez que dizemos isso, precisamos explicar seu significado. Aí a cara de interrogação se transforma num misto de tensão, apreensão, pena e até mesmo de sentimento de perda.

A explicação dada na Campanha de conscientização sobre linfomas, é muito clara:

"Linfoma é um câncer do sangue, potencialmente curável, que ocorre nos linfócitos, células do sistema linfático, que faz parte da defesa natural do corpo contra infecções."


MEU ENCONTRO COM DR. HODGKIN


Primeiros sinais

Desde uma determinada segunda-feira do ano de 2007 (dia em que chegou ao fim uma "novela" em minha vida, que gerou muito desgaste emocional, e por pouco não me trouxe de volta a gastrite) percebi algo diferente em mim, mais precisamente em meu pescoço!

De início pensei que fosse apenas uma reação física a tanto desgaste emocional, a tantos telefonemas e protocolos inúteis e intermináveis. Os dias foram passando, e os gânglios continuavam ali. Sim, o "algo diferente" eram gânglios no lado direito do meu pescoço.

Chegamos ao mês de julho, e o pescoço não voltava ao normal...Depois de muito pensar e repensar, tomei coragem e resolvi marcar uma consulta médica. Apesar de ter plano de saúde, só consegui agendar para agosto. O tempo passou, os gânglios continuaram ali e finalmente chegou o dia da consulta.Cheguei à consulta antes do horário, fui muito bem recepcionada, pesada, medida e aguardei a consulta, que atrasou pelo menos meia-hora. A médica perguntou-me o que acontecia, murmurou (sim, murmurou) alguma coisa e examinou única e exclusivamente o meu pescoço. Dizia apenas: "tem que fazer exame, tem que fazer exame..."

Preencheu as guias de solicitação de exames, não me deu qualquer orientação, mas por fim disse: "você é muito calma... se fosse comigo..."

Saí daquele consultório preocupada, mas sem ter a dimensão real do que ela queria dizer. Não apontou nenhuma hipótese, e eu não sabia nem o que perguntar.

Fiz os exames de sangue e as ultrassonografias de pescoço e tireóide. Os exames de sangue estavam normais, somente o de "citomegalovirus" mostrava-se levemente alterado, mas o ultrassom mostrou várias imagens "hipoecogênicas" e a conclusão de "linfonodopatia", o que é compatível de ocorrer em casos de contaminação pelo citomegalovirus, que acomete mais de 60% da população.

Com esses exames em mãos, comecei a procurar informações na internet, e marquei consultas com duas outras médicas.

A primeira, muito atenciosa, me ouviu, analisou os exames, tirou-me algumas dúvidas, me examinou direito, não apenas o pescoço. E por fim me orientou a procurar um hematologista e/ou um cirurgião de cabeça e pescoço, pois para saber se era realmente citomegalovirus ou qualquer outra doença, era preciso fazer punção ou biópsia de um linfonodo.

A segunda, além de clínica geral, é também hematologista, exatamente a especialidade que a primeira me recomendou a procurar. Perfeito!
Ao contrário de todos os outros médicos com os quais já me consultei, meia-hora antes da consulta, a recepcionista me ligou perguntando se eu realmente iria à consulta, eu já estava na rua do consultório. Assim que cheguei ela já me atendeu. Não falou muito, olhou os exames e me examinou. Disse que precisava de uma biópsia imuno-histoquímica de um linfonodo, a partir da qual teríamos certeza do diagnóstico, que a punção não era o método mais confiável, pois daria margem à dúvidas. E descartou totalmente a hipótese do citomegalovirus. Mas não me disse a sua hipótese, que só o resultado da biópsia daria a resposta.Saímos de lá com mais interrogações...

Cirurgião de Cabeça e Pescoço

Depois da última consulta, com encaminhamento para a biópsia, fiquei muito insegura, realmente com medo.

Mas meu namorado, que me acompanhou em todo o percurso, me apoiou, me convenceu a enfrentar o medo e ir em frente. Ligamos para os 3 cirurgiões indicados no "Orientador Médico" do convênio. Surpresa: nenhum deles atendia mais pelo meu plano! Um deles, passou outro telefone, e conseguimos marcar uma consulta para dali a 40 dias.

Finalmente chegou o dia da consulta. Faltei ao trabalho, pois o último horário em que ele atendia era às 16h20, no bairro da Pompéia, um tanto longe de minha residência e trabalho. Tudo certo!

Não!!!

Ao chegar no prédio, o porteiro já nos informou que as consultas estavam atrasadas em 1 hora... Fazer o que? Esperar!

Subimos ao 7º andar, e entramos. A sala de espera estava lotada e abafada. As recepcionistas pegaram minha carteirinha, preencheram a guia do convênio, me deram para assinar e pediram que aguardássemos.

Até aí tudo bem. O que não imaginávamos, é que TODAS as pessoas presentes iriam se consultar com um único médico, pensávamos que houvesse ao menos mais um... Encurtando a história, tivemos de aguardar do lado de fora do consultório, sentamos nas escadas do prédio, assim como muitas outras pessoas. Às 17h30, perguntei quantas pessoas ainda faltavam ser atendidas antes de mim. Adivinhem: DEZ!!!

Cada paciente estava agendado a cada 5 minutos, o que é impossível de se fazer. Daí o enorme atraso...

Às 18h, ainda faltavam 6 pessoas, e nós tínhamos outros compromissos, não podíamos esperar mais. Pedi às recepcionistas meu encaminhamento de volta e também a guia que assinei, pois queria inutilizá-la. Tal atitude não foi bem aceita por elas, que tentaram argumentar que o atraso se devia a uma emergência que o médico atendeu, que ele teve de "salvar uma vida"... O pior, foi que os demais pacientes consideraram a situação absolutamente normal, que eu deveria ter paciência, pois médico é assim mesmo...

Me arrependo de não ter feito uma denúncia do caso, mas o desgaste poderia ser prejudicial à minha saúde, que eu nem sabia exatamente como estava. A vida cobra, mesmo que demore...

Saímos de lá indignados. Só nos restava agora procurar outro cirurgião, mas pelo convênio não tínhamos outra opção. Chegamos a contactar outros serviços, particulares, mas por fim achei melhor fazer isso depois que terminasse minha monografia.

O tempo passou e 2008 chegou!!!

Não terminei minha monografia no prazo, me perdi em muitas coisas - trabalho, pesquisa, anexos, prazos e principalmente em dúvidas...

Mudei de unidade no trabalho, agora estou pertinho de casa. Antes eu percorria 10 km para ir e mais 10 km para voltar, agora moro a 1,3 km do trabalho.

2008 foi o ano divisor de águas. Deixei de ser criança, FINALMENTE!!!

Só terminei minha monografia em maio. Fiquei quase louca, virei a noite no dia da entrega, atravessei a cidade 3 vezes, mas fiz tudo o que precisava. E para fechar o dia, assisti um show de rock maravilhoso no Credicard Hall: QUEENSRYCHE.

Com esse assunto encerrado, retomei meu velho problema: os gânglios!!!

Fiz mil pesquisas na internet, me consultei infinitas vezes com o Dr. Google, entrei e saí muitas outras vezes da página de credenciados do convênio, até que foi incluída na categoria "Cirurgia de cabeça e pescoço" outra opção.

Depois de algum tempo me enchi novamente de coragem e marquei a consulta para 11/08 (quase 2 meses).

Essa foi a primeira consulta em que fui sozinha, foi a mais temida e ao mesmo tempo uma das mais esclarecedoras. Nunca imaginei que ouvir um provável diagnóstico de câncer me faria bem. Saí de lá com vários exames pré-operatórios a realizar e a frase que salvou minha cabeça, a qual nunca esquecerei e que não me canso de repetir em todos os lugares em que escrevo:

"Linfoma é um 'cancerzinho' que a gente cura com quimioterapia".

Ele me explicou que a sua função era apenas retirar o material para a biópsia cirurgicamente, que o tratamento seria feito com um hematologista, e que eu deveria procurar um o mais rápido possível, antes mesmo do resultado da biópsia.

Marquei a consulta com o hemato e fiz os exames.

A biópsia só poderia ser agendada para dali a um mês, e o hemato queria fazê-la com urgência, pois preocupava-se com o tempo e o curso da doença. Me propôs uma internação de urgência para o dia seguinte, e eu recusei, pois precisava conversar com minha família e retornar ao cirurgião.

Voltei ao cirurgião e este concordou com a necessidade de realizar a biópsia o quanto antes, e os dois "combinaram" de me internar dali a uma semana, para realizar a biópsia no hospital em que ambos trabalham.

E assim foi feito.

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