Para eu me lembrar:

"Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer."

Amyr Klink

Linfoma de Hodgkin

"Linfoma é um câncer do sangue, potencialmente curável, que ocorre nos linfócitos, células do sistema linfático, que fazem parte da defesa natural do corpo contra infecções."

Pensamentos

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

2 ANOS - Dias de calmaria

Tanta coisa aconteceu nesse intervalo de 730 dias... (12/01/2010 - 12/01/2012)

Hoje seria o D-730 kkkkkkkkkkkkk
(Eu não tinha pensado nisso)

Foram dias de muita euforia, de muita alegria, de muitos sonhos, de muitas esperanças, de muitos planos, de muitos sorrisos (sorrisos sim, não apenas risos), de muitos encontros, de muitas conquistas, de muitas boas surpresas. 

E também de muita angústia, de muita incerteza, de muitas perdas, de muitas decepções e frustrações, de muitas lutas, de muitas mudanças, de muitos medos, de muito choro, de muita tristeza, de muitas surpresas ruins.

Mudanças são boas, bem-vindas, só que nem sempre as desejamos, principalmente quando isso inclui a passagem de pessoas muito amadas para além da vida e decepções com pessoas que julgávamos como porto-seguros.

Ao mesmo tempo, tive apoio de pessoas que não imaginava gostarem tanto de mim, que se importam de verdade, e que eu não sei lidar ainda, pois nossas relações sempre foram pequenas, afastadas, ou mesmo novas.

Se soubéssemos o que a vida tem  a nos oferecer em cada curva, seu sabor não teria a menor graça. É como o tempero amoroso da casa da gente, que por mais que saibamos o gosto exato, sempre tem o elemento surpresa, chamado afeto, que nos une, que nos faz sorrir e viver feliz.

Sinto falta desse tempero. Minha amada foi embora. 

Foi embora cansada. Contudo, só depois de saber que eu estava bem. Depois de ver meu sorriso com aquele exame que mostrava a o êxito do tmo e a solução jurídica para o início da radioterapia, que fecharia aquele ciclo todo. Como diz minha amiga querida, que hoje mora no Velho Mundo, ela ficou comigo até cumprir toda a sua missão, e o fez com excelência.
Tudo se modifica com o tempo, até o tempero de casa, mesmo que não percebamos. Crescemos, estudamos, vivemos... e desenvolvemos nosso próprio tempero.

Uma coisa que nunca percebi, que minha nova companheira de lar me disse, é que a gratidão é uma das coisas mais bonitas da vida. E ela tem razão. Pena que muitas vezes eu não saiba expressar isto. Vou treinar mais.

Há pessoas que ao saberem de minha história se entristecem, choram, e isso, ao contrário do que elas imaginam, é justamente o que me fez nascer, o que me fez abrir os olhos para a vida e hoje encará-la de outro modo, com coragem, com força e sem nenhuma dor. Tristezas só trazem mais tristezas, então não podemos alimentá-las. Não que ter adoecido tenha sido bom, lógico que não. Mas esse tempo de frenagem na vida tem me feito bem, tem me feito refletir e aos poucos estou me posicionando, fazendo escolhas, fazendo análises jamais imaginadas antes, e tenho percebido possibilidades de ser feliz. Sim, de ser FELIZ. 
Preciso ainda de muitas mudanças, de muitas coisas, mas estou caminhando bem.

E o principal: minha história não se restringe a isso. Pelo contrário, esse é apenas um pequeno capítulo de minha vida. Capítulo importante, como todos os outros, mas não decisivo. É apenas um capítulo atípico, não desejado, porém muito útil, que me fez dar espaço a muitas idéias. 

Épocas de mudanças. Épocas de escolhas. Épocas de riscos. Épocas de novidades. Épocas vivas. 

O movimento é constante. Como num barco, tem horas que pende para um lado, outra para o oposto, sobe a maré, desce, vem a tempestade, depois a calmaria e o espetáculo de dias e noites se renova constantemente. Aos poucos aprendemos a não lutar contra, e sim a vergar para onde a força nos empurra. 

Apesar dos momentos de tristeza e decepção, sou grata à vida. A dor é inevitável, mas o modo como passamos por ela faz com que o sofrimento seja aumentado ou diminuído, e a minha escolha tem sido a segunda opção.  

A vida é o presente. O passado já passou. O futuro ainda virá. E ao mesmo tempo, no instante em que escrevi esse texto, o futuro tornou-se presente e no instante seguinte já virou passado também. Ou seja, temos de viver o presente da melhor maneira possível, para ter boas recordações do passado, sem arrependimentos e garantindo um futuro bom, que será o nosso presente do presente, passado e futuro.

A vida é louca, é viva, e isso é o que importa!

Carin

P.S.: Meus cabelos estão voltando a ser como antes. Cachinhos se rendendo e dizendo adeus voluntariamente = cabelos "obedecentes" (está bem... obedientes).

6 comentários:

  1. Boa noite Carin.

    Você é uma guerreira. Ás vezes quando me sinto desanimado lembro da sua luta e vejo que você tira forças daonde não tem pra enfrentar esta barra.

    Fique sabendo que você está nas minhas orações. Se Deus quiser em breve você alcançará o que deseja.

    Grande abraço.

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  2. Linda, vc mora no meu coração sabia!? Nos conhecemos por essa fatalidade em nossas vidas, e por isso que tudo se torna mais especial....estamos juntas na luta e vamos vencer!! Eu Creio e Confio!!!! Bjo grande!!!

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  3. Fiquei emocionado ao ler este texto, me identifiquei mto com ele... mto mesmo! Tenho uma doença nos Rins, já fazem 2 anos e meio que tento me adaptar a nova rotina...
    Torço pela sua melhora, torço para que possa alcançar seus sonhos!... para que nós possamos!

    abraços
    e vou acompanhar sua luta

    Pedro

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  4. Desculpem-me, Carin e Dinor, mas não acho que uma peruca vá fazer bem a mim. Eu sofro e sofro muito com isso, e o humor me alivia. Exatamente ao contrário do que a Carin disse. Cada um tem sua forma de extravasar os sentimentos.
    Eu acho que colocar uma peruca vai me fazer trair a mim mesma e ao momento pelo qual estou passando. Ao contrário da Carin, nunca uso nada na cabeça e deixo que todos vejam a minha careca. Eu sou um monstro por acaso? A falta de cabelo me faz ser menos mulher? Me faz ser menos vaidosa, menos bonita, menos humana? Acho que não. Tenho orgulho da minha careca, ela mostra a todos que eu sou uma guerreira e que encaro de frente o meu problema, que não me escondo dele. Ou será que eu preciso voltar a ter cabelo pra voltar a ser bonita, não posso ser bonita assim como estou?

    A maneira com que você escreveu faz com que eu pareça uma fraca cheia de gracinhas, mas não é assim. Compreenda meu lado e minha forma de expressar o que sinto. Só quero ser vista com mais normalidade pela sociedade que já nos vê como monstrengos, mas não é isso que somos. Somos gente normal, passando por momentos...

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  5. Amei teu texto. Sairemos dessa...e muito melhor do q entramos. Bjs, denise zappas

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