Nathan de Castro
Hoje, saí à procura de um novo poema. Achei um cesto de roupas sujas, um tanque, uma máquina de lavar roupas e uma casa precisando urgentemente de faxina.
Com passos de poeta, começo a varredura e vou separando as ferramentas espalhadas que possam interessar a um novo verso: uma palavra escondida no saco de lixo, um canivete, uma tesoura, um prego... Sinceramente, já não sei o que fazer com tanta geringonça! E o verso, atrapalhado, sem saber a lua de tantas palavras desconhecidas aos meus poemas, ficou assim, confuso, feito parafuso sem rosca, esperando pelo perto firme do martelo e o corte do serrote, aparando arestas. Chamei o alicate!... Não! A chave-de-fenda... As fendas no peito de tijolos sabiam o mistério do poema perdido no tempo, o segredo dos beijos jogados ao vento e todas as canções daquelas longas noites.
Depois das reformas, não ficaram fendas.
Ficou somente essa coisa de estrela e de poesia quebrada, espalhada por todos os cantos da casa, e esta saudade que me acorda a cada dia exigindo um novo verso, mesmo quando a faxineira não vem trabalhar.
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